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Introdução à análise de balanços

24/07/2010

Jogue fora todos os seus axiomas, o que vou apresentar agora é muito mais importante. Não seja um especulador.

Basicamente, a análise de balanços para o investidor em valor tem como objetivo encontrar um valor intrínseco para a empresa em questão, através da leitura de seus relatórios financeiros – Balanço Patrimonial, DRE e Fluxo de Caixa – e uma estimação dos lucros futuros.

Em minhas análises faço sempre a avaliação de cinco pontos principais de acordo com Graham: valor de mercado, nível de governança corporativa, situação financeira, histórico de lucros e dividendos e índices de preço.

Dentro desses pontos, são avaliados os seguintes indicadores:

  • Retorno sobre patrimônio líquido;
  • Lucro por ação;
  • Margem líquida;
  • Dívida/PL;
  • Crescimentos dos lucros, receita líquida, patrimônio e reservas de lucro;
  • Preço/valor patrimonial;
  • Preço/lucro;
  • Lucro/preço (equity bond).

São adotados os seguintes critérios para análise:

  • Retorno sobre patrimônio líquido acima de 20,00% – um alto retorno sobre patrimônio líquido significa ter uma vantagem competitiva durável, em setores competitivos o retorno é sempre pequeno;
  • Margem líquida acima de 15,00% – empresas com uma alta margem líquida conseguem enfrentar crises financeiras mais facilmente;
  • Dívida bruta / Patrimônio líquido menor que 50% – as empresas geralmente entram em dificuldades quando possuem muitas dívidas;
  • Apresentar lucros constantes nos últimos 10 anos – empresas com lucros constantes há muito tempo tendem a continuar lucrando;
  • Histórico de dividendos contínuo por pelo menos 10 anos;
  • Crescimento de lucros acima de 5,00% ao ano – para a ação crescer, os lucros da empresa precisam também crescer;
  • Preço/valor patrimonial menor que 2;
  • Preço/lucro menor que 15.

Após a análise, é feita uma projeção do lucro por ação e do índice preço/lucro da empresa. Vamos imaginar uma determina empresa que tem um lucro por ação de R$ 4,00, sendo ofertada a R$ 30,00, com um P/L de 7,50 e um crescimento dos lucros de 7,00% ao ano. Levando em conta a continuação desse crescimento e um P/L projetado médio de 10,00 ao longo dos anos teríamos:

Em 2011 a estimativa do valor intrínseco é de R$ 42,80, no ano de 2012 R$ 45,80, 2013 de R$ 49,00, 2014 R$ 52,43 e 2015 cerca de R$ 56,10. Com esses valores basta determinar o preço máximo possível a pagar pela ação, dependendo apenas do retorno desejável ao ano.

Importante lembrar que quanto mais baixo o preço pago, melhor seria o resultado no longo prazo. No caso se a empresa tem crescimento constante nos lucros e uma vantagem competitiva durável, o negócio é ainda mais tentador.

Nos próximos posts vou mostrar análises de algumas empresas, começando por Petrobrás e depois Banco do Brasil.

8 Comentários
  1. Henrique Carvalho permalink

    Muito boa a análise!

    Estarei aguardando a continuação deste tema sobre Análise Fundamentalista e Análise de Balanços.

    Dúvidas:

    1. Onde você pega os dados históricos para as empresas?

    Sou assinante do INI, porém, os dados só aparecem de 2002-2010. Ainda assim, existem muitas empresas em que eles simplesmente não tem os dados, como a Sabesp, por exemplo.

    2. O cálculo dos indicadores financeiros é feito em cima dessa sua base de dados ou é pego em sites como Fundamentus e Guia Invest?

    Grande Abraço!

    • Henrique!

      Primeiramente, entro no site da empresa e baixo todos os arquivos em pdf de demonstrações contábeis anuais (só analiso o ano), caso não encontre no site, procuro no site da bovespa ou no fundamentus, que já tem os balanços em excel. Depois baixar todos os dados, digito tudo – balanço, dre, fluxo e histórico de cotações – em uma planilha separada para cada empresa. Essa outra planilha é vinculada a uma que faz o cálculo dos indicadores, avalia todos os crescimentos, pontua a empresa, de acordo com os cinco pontos que coloquei como principais e faz as devidas projeções de PL e LPA com um preço máximo a pagar. Provavelmente vou fazer outro post mostrando como faço todos os cálculos.

      Você tem MSN? Podemos conversar mais sobre isso depois! Abraços!

      • Henrique Carvalho permalink

        Muito obrigado pela resposta!

        Pois é. Embora eu utilize os dados do INI, não acho muito confiáveis não. Só ainda não me dei o trabalho de catar empresa por empresa estes balanços…Mas concordo que seria a melhor forma de montar uma base de dados.

        Seria ótimo conversarmos melhor sobre isso. Te passo meu msn através do meu e-mail!

        Grande Abraço!

  2. Fernando Souza permalink

    Boa tarde!

    Conheci o blog hoje e estou gostando muito!

    Muito interessante o jeito de estimar o valor intrínsico dos ativos. Você considera um P/L médio de 10 justo? Porque não um maior? Estamos em enfrentando um bear market e acho que essas empresas que estão baratas agora, logo passarão a crescer e consequentemente elevar seus PLs a uma média de 15~17.

    Abraços!

    • Boa noite, Fernando! Que bom que gostou.

      Não concordo que enfrentamos um bear market neste momento, acho que estamos mais para um mercado lateral do que um bear. Eu estimo o PL da seguinte maneira: Empresas com PL acima de 17, uso de 15 a 17, historicamente o mercado não fica muito tempo com um PL acima disso. Empresas com PL abaixo de 17 utilizo entre 10 e 12. Lógico que não podemos levar em consideração somente o PL, há muitos outros fatores que influenciam a alta ou a baixa dele. Não adianta pegar uma empresa com um PL baixo, tendo uma margem líquida, crescimento dos lucros e ROE medíocres.

      Abraços e continue acompanhando!

  3. Henrique, digitar todos os dados na planilha é bastante trabalhoso mesmo, mas acho que é bom manter uma base como você disse e poder fazer outras analises no excel. Já te passei meu email no contato do seu blog. Abraço!

    • Henrique Carvalho permalink

      Já te add lá!

      Estou a disposição para conversarmos!

      Abraço!

  4. Pietro permalink

    Olá,

    Gostaria de obter o balanço e o demonstrativos de resultados das empresas dos últimos 10 anos pelo menos. De preferência 15 anos.

    Se estiver numa planilha e sem trimestres isolados, isto é anualizada. Melhor ainda.

    Conheço o Fundamentus, mas só passam de 2003 para cá, e ainda é por trimestres isolados. Além de não ficar seguro quanto a confiabilidade dos dados.

    O economática não sei sei fornece isso. Mas parece estar em torno de R$1300/mes.

    Como está atualmente fazendo para pegar esses dados? Alguma dica para me dar?

    PS.: Eu li o comentário que vc deixou de como vc pegava.

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