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Livro: Os Axiomas de Zurique

14/08/2010

Outro dia eu estava no Youtube vendo alguns vídeos sobre economia e no fim acabei achando algumas resenhas do livro “Os Axiomas de Zurique”. Não bastando ser a maioria trabalhos de pós graduação, todos os vídeos estavam falando bem sobre o livro! Minha opinião sobre este, como muitos devem saber, é completamente contraditória a esse senso comum.

Vamos à definição de Axiomas segundo a Wikipédia:

“A expressão axioma tem dois significados possíveis. O filosófico, que define o termo como a premissa imediatamente evidente que se admite como verdadeira sem exigência de demonstração, e o lógico, que define axioma como a proposição que se toma como verdadeira porque dela se podem deduzir as proposições de uma teoria ou de um sistema lógico ou matemático.”

Como alguém faz um livro com várias afirmações absurdas e as nomeia de axiomas? Pior: Como estas são tão aceitas nos dias atuais? O livro chega à demência de considerar que investir e especular é a mesma coisa.

Como já definia muito bem Benjamin Graham:

“Uma operação de investimento é a qual através de análises promete uma segurança do principal e retorno adequado. Operações que não cumprem esses requisitos são especulativas.”

Um investidor sabe que uma ação não é apenas são apenas letrinhas e números piscando em seu homebroker, ela representa uma empresa.

O primeiro conselho do livro é arriscar. “Se você não está preocupado, não está arriscando o bastante” Diz o autor. Dentro deste, vem uma das piores afirmações possíveis em um livro de investimentos: resista à tentação das diversificações. Como assim? Não diversificar? E o risco disso? Qualquer investidor racional sabe que o risco não sistêmico pode ser completamente extinto com o poder das diversificações.

Depois o livro passa para os axiomas da ganância e da esperança, onde revela que quando o investidor atinge seu objetivo ou quando algo já começa a dar errado, deve-se sair rapidamente da operação. Essa afirmação é verdadeira apenas para um especulador que não conhece a situação financeira da empresa e não sabe onde colocou seu dinheiro. Como premissa básica, o investidor deve pensar no longo prazo, analisando de maneira inteligente a situação financeira das empresas em que faz parte. Para quem faz as devidas análises, volatilidades de curto prazo são completamente aceitáveis.

O autor também considera errado fazer preço médio. Novamente, se todas as análises foram feitas e o investidor percebe que a empresa tem um grande crescimento ao longo dos anos e não houve nada que atingiu sua capacidade financeira é perfeitamente aceitável fazer preço médio. Errado é fazer preço médio quando se é especulador – aqui novamente entra a diferença entre um investidor e um especulador, que o livro teima em considerar a mesma coisa (!!!).

O último axioma é o mais absurdo de todos. Segundo o autor, planejamentos de longo prazo não devem ser levados a sério. Qualquer investidor sensato jogaria o livro fora no exato momento em que terminasse de ler esta frase. O problema é que esses axiomas são lidos por iniciantes – em sua maior parte – que acabam acreditando nisso. Os maiores retornos históricos são comprovadamente de longo prazo e somente com um planejamento detalhado podemos saber se estamos no caminho correto.

Uma das poucas partes consideráveis do livro é em relação às previsões e padrões. Diz que ninguém consegue prever o futuro e que não existe uma fórmula exata que vá proporcionar ganhos sempre. Muito cuidado com os gráficos, o que aconteceu no passado pode não acontecer no futuro. A mesma relação tem à religião ou qualquer outra superstição, não vai fazer ninguém ganhar dinheiro.

Finalizando, mesmo com todas essas incoerências e dicas de como não investir, o livro continua sendo um dos mais recomendados para iniciantes no mercado financeiro. Assim, todos perdem dinheiro, ficam traumatizados e acham que a bolsa não passa de cassino. Isso é a maior prova de que a forma como tratamos os investimentos está apenas engatinhando no Brasil. Ainda os vemos apenas como apostas.

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13 Comentários
  1. O pessoal dos Axiomas de Zurique são bastante agressivos. O livro faz sentido se eles sabem o que vai aconteçer no futuro…

    • Hehehe seria mesmo impossível, não é? Agressividade com risco demais…

      Estou acompanhando sua carteira e blog! Abraços e sucesso.

  2. RP, acabo de conhecer o blog, parabéns!

    Excelente artigo, ótima abordagem e crítica. Concordo contigo.

    Abraço!

    • Olá Jonatas! Acho que você se confundiu, já é a segunda vez que passa por aqui hehehe. Eu acabei mudando o layout do blog, talvez foi isso.

      Obrigado pelos comentários, abraços!

  3. Caio permalink

    Cara, sao estrategias diferentes. As vezes pra algumas pessoas as ideias do livro fazem sentido.
    So pra dar ulguns exemplos:
    1. Na minha opiniao, LP nao da pra ser seguida a ferro e fogo. Vai saber o q acontecera com o mercado na semana q vem… imagina daqui 5 anos.
    2. Eu nao acho q tenha q diversificar muito nao, ainda mais se a pessoa possui um montante pequeno. Se for um grande investidor, ai sim.
    E por ai vai, teria N fatores pra explicitar mas…
    Respeito teu artigo mas nao concordo com a maior parte dele.

    Abs e boa sorte.

    • Bem vindo, Caio!

      Até concordo que são estratégias diferentes, mas o que o livro ensina é completamente arriscado.

      O que representei no post são fatos, retornos históricos a longo prazo são comprovadamente mais altos! Assim como é comprovado também que a diversificação diminui muito o risco de um portfólio.

      Abraços e sucesso!

  4. Otávio permalink

    Renda Passiva, o livro está de acordo com a teoria de Capital Asset Price Model (CAPM), que diz que o retorno obtido está diretamente ligado ao risco corrido. Nem sempre as pessoas buscam os mesmos objetivos e estão dispostas a correr os mesmos riscos. Apenas isso! (mas concordo que é um livro perigoso para aqueles investidores iniciantes que ainda não têm qualquer noção do valor do investimento a longo prazo, embora isto seja trivial e primário para os especuladores de sucesso)

    • Otávio,

      Sim, o retorno e risco tem esta relação. Mas a pena vale lembrar que existem dois tipos de risco, sistêmico e não sitêmico, a diversificação é capaz de acabar completamente com o risco não sistêmico. (Tanto a entre ativos como a entre tipo de ativos). É só você procurar por alguns estudos de Markowitz sobre a teoria moderna do portfólio, que mostram há maneiras sim de diminuir um pouco do risco sem necessariamente diminuir o retorno.

      Concordo que cada um sabe que risco pode correr, alguns acham loucura eu ter 80% em ações por exemplo, mas pela minha idade acho que isso é o mínimo aceitável!

      Sobre ser perigoso para iniciantes, esta é minha maior crítica. Quando alguém começa a conhecer o mercado, o primeiro livro indicado é este. Me indicaram-o e acabei lendo, hehe. Ainda sou da opinião (e sempre serei) de que não se pode investir numa empresa sem saber sua situação financeira, o que ela faz e como faz.

      Abraços!

  5. Vinicius Flesch permalink

    Axiomas de Zurique é lixo, fikadica. =]

    Eu lembro que escutei recomendações deste livro quando era mais jovem e iniciante no mundo dos investimentos.
    Eu não lembro agora dos axiomas.. mas lembro que existe um monte de bobagens como: não diversificar, abandone o barco antes dele afundar e outras coisas superficiais que parecem mais um livro de auto ajuda.

    Mas por mim, quanto mais pessoas investirem a lá axiomas de Zurique, melhor são meus negócios com o Sr. Mercado.

  6. Você continua monitorando este blog?

  7. Estou montando um blog sobre RENDA PASSIVA: http://www.webnergia.com.br/blog, por isto tenho interesse.

  8. Esse livro é muito interessante e voltado para investidores agressivos.

  9. Anônimo permalink

    Concordo plenamente com seu comentário .

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